CANTO VIII Após a visita, o Catual regressa a terra. Por ordem do rei da
Índia (estâncias 45 a 46) os Arúspices fazem sacrifícios, porque adivinham
eterno cativeiro e destruição da gente indiana pelos portugueses. Entretanto,
Baco resolve agir contra os portugueses. Aparece em sonhos a um sacerdote árabe
(estâncias 47 a 50 ) incitando-o a opor-se aos portugueses. Quando acorda, o
sacerdote maometano instiga os outros a revoltarem-se contra Vasco da Gama.
Vasco da Gama procura entender-se com o Samorim, que, após violenta discussão,
ordena a Vasco da Gama que regresse à frota, mostrando-lhe o desejo de trocar
fazendas europeias por especiarias orientais. Subornado pelos muçulmanos, o
Catual impede o cumprimento das ordens do Samorim e pede a Vasco da Gama que
mande aproximar a frota para embarcar, com o intuito de a destruir. Vasco da
Gama, astuto e desconfiado, não aceita a proposta, sendo preso pelo Catual.Vasco da Gama é feito prisioneiro. Negocia com o catual sua
liberdade, em troca de mercadorias européias.
Ainda sobre os esforços constantes de Baco, seria de todo pertinente fazer um pequeno aparte para apresentar a opinião de Hernâni Cidade, para quem esta divindade mitológica representava o orgulho ferido de muçulmanos e italianos. De facto, estes seriam os mais prejudicados com a viagem em causa, pois estava em risco o monopólio (que desde longo tempo já controlavam) das lucrativas especiarias Orientais. O esquema era simples e altamente rentável: os primeiros transportavam as mercadorias em caravanas desde o Oriente até ao Mediterrâneo; os segundos, em particular genoveses e venezianos, redistribuíam esses produtos pela Europa. Tudo isso, porém, estava prestes a mudar com a criação da Rota do Cabo.
Ainda sobre os esforços constantes de Baco, seria de todo pertinente fazer um pequeno aparte para apresentar a opinião de Hernâni Cidade, para quem esta divindade mitológica representava o orgulho ferido de muçulmanos e italianos. De facto, estes seriam os mais prejudicados com a viagem em causa, pois estava em risco o monopólio (que desde longo tempo já controlavam) das lucrativas especiarias Orientais. O esquema era simples e altamente rentável: os primeiros transportavam as mercadorias em caravanas desde o Oriente até ao Mediterrâneo; os segundos, em particular genoveses e venezianos, redistribuíam esses produtos pela Europa. Tudo isso, porém, estava prestes a mudar com a criação da Rota do Cabo.
Toda esta situação vai levar o poeta, nas últimas quatro estrofes do
Canto, a reflectir sobre o poder do ouro. Um poder que torna as gentes
cobiçosas, que “mil vezes tiranos torna os Reis”, e que “faz tredores e falsos
os amigos”. No Canto VIII, na estrofe 11, ao descrever D.Afonso, Paulo
da Gama diz “Este é aquele zeloso a quem
Deus ama,/Com cujo braço o mouro imigo doma”, o que nos dá a entender que
Deus seja a favor dos católicos portugueses, pois os ama, e seja contra os
mouros, pois há a utilização do adjetivo “imigos”. Temos aí mais um exemplo da
crença na predileção das entidades cristãs e pagãs pelos católicos, forte
ideologia religiosa de Camões.